Escola

    Na localidade do Senhor da Serra existiu, até ao ano lectivo de 1967/68, um Posto Escolar com uma docente. A escola funcionava numa casa particular, pertencente a D. Maria Altina Ferrer Lemos Torres.     Em 1968 foi construído, segundo o Plano dos Centenários, um edifício com duas salas destinado ao Ensino Primário. No ano lectivo de 68/69 foi colocada uma professora profissionalizada efectiva e em 19 de Agosto de 1969 foram criados mais dois lugares em Diário do Governo.
    No ano lectivo de 69/70, passou a existir uma turma de 5.ª classe (Ciclo Complementar). Em 1973, surgiu um projecto inovador que se veio a constituir como uma experiência piloto de educação integrada, na qual o Jardim de Infância se interliga com outros ciclos de Ensino Básico. Assim, seria possível minimizar as carências de nível alimentar e de alfabetização. A Escola poderia desenvolver as crianças em todas as suas aptidões, sem choques entre os diferentes ciclos, possibilitando-lhes uma educação com base nos seus interesses reais.
    O Conjunto Escolar Experimental do Senhor da Serra foi criado por despacho do Ministro da Educação Nacional de 1 de Outubro de 1973, face às disposições do Decreto-Lei n.º 47587 de 10 de Março de 1967, e entrou em funcionamento em Outubro de 1973. Este projecto incluía os Ciclos Elementar e Complementar do Ensino Primário e de Educação Pré-Escolar.
    Era altura de começar a desenvolver esforços para a construção de uma cantina e de um espaço apropriado para o funcionamento do Ensino Pré-Escolar. Em 1973 surgiu o apoio de Ferrer Correia e da sua esposa, quer pessoalmente, quer através da Fundação Calouste Gulbenkian. As despesas da construção da cantina foram custeadas, em partes iguais, pela população do Senhor da Serra e pelo Professor Doutor Ferrer Correia. O actual edifício do Jardim de Infância, construído junto à Escola Primária, foi suportado financeiramente pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1975/76.
    Dava-se assim início a uma experiência única no país, que congregava o Ensino Pré-Escolar e os ciclos Elementar e Complementar do Ensino Primário. No ano lectivo de 1985/86, o Ciclo Complementar deu lugar ao 2.º Ciclo do Ensino Preparatório.
    No ano lectivo de 1989/90, através do Decreto-Lei n.º 157/89 de 12 de Maio, foi criado o Centro Escolar do Senhor da Serra (CESS) explicitado pelo Decreto Regulamentar n.º 6/90 de 20 de Março, que definiu um período experimental suplementar de 5 anos, com a frequência de crianças desde os 3 anos de idade até ao 3.º Ciclo de Ensino Básico.
    Em Maio de 1989, durante a visita do então Ministro da Educação, Roberto Carneiro, a designação do nome da Escola foi alterada para Centro Escolar do Senhor da Serra, conforme o Decreto-Lei 157/89. Em 1991, a primeira Escola Básica Integrada portuguesa passou a designar-se Centro Escolar do Professor Doutor Ferrer Correia.
    No ano lectivo de 1994/95 funcionou nesta escola o Ensino Supletivo Nocturno e, em 1998/99, iniciou-se o Ensino Recorrente Nocturno por Unidades Capitalizáveis para Alunos Trabalhadores-Estudantes (SEUC).

A Serra na História

na sexta linha - Fonte: "O Cidadão Lusitano" pág. 54, de Innocencio Antonio de Miranda, 1822
In: "O ecco: jornal crítico, litterario e político", Edições 251-300‎ - Página 4145 - 1838
In: "Memorias da vida" de José Liberato Freire de Carvalho, 1854, pág 108
Reparem que o livro é de 1862, ora sendo a Serra "frequentada há mais de três séculos", significa que a Serra já era conhecida em 1560
In: "Diccionario geographico abreviado de Portugal e suas possessões ultramarinas" de Francisco dos Prazeres Maranhão e Manoel Bernardes Branco, 1862, pág. 207
In: "Mil e um mystérios: romance dos romances" de Antonio Feliciano de Castilho, 1845, pág. 132
In: "Revista universal Lisbonense" de UMA Sociedade Estudiosa, Volume 3, 1845, pág. 336

In: "Historia do cerco do Porto: precedida de uma extensa noticia sobre ..., Volume 2" de Simão José da Luz Soriano, 1849, pág 470
In: "Amor e melancolia, ou, A novissima Heloisa" de António Feliciano de Castilho, 1861, pág. 321








Música

Várias são as músicas, cantares populares, quadras que se referem ou fazem referência ao Senhor da Serra...


          Senhor da Serra acudi-me
          Que eu não sei donde estou!
          Ou os ares abaixaram
          Ou a terra alevantou!
...


          Divino Senhor da Serra
          Que lá está no cabecinho.
          Muito calor que lá esteja
          Sempre lá bole um ventinho.
...


          Os mesmos padres da missa
          Ao inferno são chamados:
          Inda querem ter mais filhos
          Que os próprios homens casados!
...


"Durante a Quaresma, quando os rapazes de Ceira veem, pedir esmola para as almas, tôda a população acorre a ouvir, num recolhimento cheio de respeito:


          «Aqui me tens a cantar
            À porta da tua sala.
            Se estás a dormir, acorda.
            Se estás acordada, fala.


            As almas do purgatório
            Nos mandaram aqui vir
            Que lhe dèsseis vós a esmola
            Para do fogo sair.


            Não vos pedem as fazendas
            As almas da Natureza,
            Pedem só as migalhinhas
            Que crescem da vossa mesa.


            A esmola que dais ao pobre
            Não cuideis que a comemos
            Que é p'rás missas, e p'rás almas,
            É devoção que nós temos.


            A esmola que dais ao pobre,
            Se a dais com devoção,
            Neste mundo tens o prémio
            E no outro a salvação.


            À porta das almas santas
            Bate Deus a tôda a hora
            Almas santas lhe preguntam:
            - «Ó meu Deus que quereis agora?»


  bis      - «Quero que venhais comigo
  bis      Para o reino da guelória».


            Vinde, vinde, Senhor, vinde!
            Vinde, vinde, não tardais (?)
            Tomar posse da noss'alma
            Que de vós não se apartais. (?)


            Já o sacrário está aberto,
            Já o Senhor lá está dentro.
            Já podemos adorar
            Ao Divino Sacramento.


            Ajoelhemos por terra


e todos, de chapéu na mão, ajoelham respeitosamente. Continua o côro:


            Já não somos os primeiros.
            Deixai passar Jesus Cristo,
            Deus e Homem verdadeiro.
In: Evolução do Senhor da Serra, de Joaquina M. de Oliveira Flores, 1935